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# Habitant(15-20)

>Na fronteira do real, os habitants: seres não fantasiosos da nossa fauna e flora cinzas, urbanas, vizinhos de banco de lotação e de mesa de bar, colonizados, deslizando, líquidos, por vezes liquidados, entre lugares e não-lugares. Nesses cenários, eles se engodam numa interação de distintos: são meio-humanos, meio produto dos tempos. O que pensam? As virtudes, vícios, características, anseios, os impulsos? Bem se pode aproximar pelo olhar crítico do outro, pela voz de cada consciência, pelos modos, moda e pela voga do mundo, além de pelos atos, crassos ou não, condutas, valores, pelo consumo. Habitants somos todos, frutos do social e dele derivados, manipulados como numa realidade virtual. A espécie de onipresença gerada pelo ângulo superior sugere o simultâneo, a possibilidade de enxergar os transeuntes em itinerários rotineiros e/ou ambientes domésticos, seus comportamentos paralelos e suas interações. Utilizando-se dessa visão privilegiada, as imagens registradas a partir de torres, prédios, monumentos turísticos e dentro de espaços privativos assemelham-se à estética dos conhecidos games que simulam a vida real, proliferados desde os anos 80/90, nos quais se pode manipular atitudes e ações em contextos predeterminados. A série, portanto, joga com a similaridade dessa estética, cria situações urbanas e personagens fictícios para além das fronteiras do real, corroborando para a simulação de uma superficial realidade a partir do cotidiano factual, uma alusão à virtualidade e um flerte à vigilância líquida (no conceito de Zygmunt Bauman), as quais têm cada vez mais caracterizado a vida moderna, mormente neste ano, onde a maior necessidade de distanciamento e de monitoramento têm acelerado esse processo. O trabalho conta com ilustrações de Heron Vitor Barroso, complemento estético de Mário Sérgio Carvalho e tratamento de Wagner Kiyanitza.   

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